Páginas

terça-feira, 17 de maio de 2011

Muçulmanos deixam sete cristãos coptos feridos no Cairo

CAIRO, 15 Mai. 11 / 03:11 pm (ACI/Europa Press)

Ao menos sete coptos resultaram feridos em um novo enfrentamento entre muçulmanos e cristãos na capital do Egito, Cairo, segundo informaram vários meios nacionais.

Conforme estas fontes, um jovem muçulmano, depois de uma discussão com um grupo de manifestantes coptos às portas do edifício da televisão estatal, avisou a um grupo de amigos, que chegaram ao lugar e abriram fogo contra os cristãos ali concentrados.

Este fato provocou uma nova explosão de violência entre membros de ambas comunidades, deixando mais feridos, conforme informou a agência de notícias russa RIA Novosti. As relações entre coptos e muçulmanos tornou-se radical nas últimas semanas.

Horas antes registrou-se a explosão de um artefato perto da tumba de um importante muçulmano na península do Sinai, conforme informou a agência de notícias egípcia MENA. Não transcendeu mais informação sobre este fato.

Lição do Conselho Constitucional da França - Por Ives Gandra da Silva Martins

Ives Gandra da Silva Martins - O Estado de S.Paulo

Idêntica questão proposta ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a união entre pessoas do mesmo sexo foi apresentada ao Conselho Constitucional da França, que, naquele país, faz as vezes de Corte Constitucional.

Diversos países europeus, como Alemanha, Itália e Portugal, têm suas Cortes Constitucionais, à semelhança da França, não havendo no Brasil tribunais exclusivamente dedicados a dirimir questões constitucionais em tese, embora o Pretório Excelso exerça simultaneamente a função de Tribunal Supremo em controle difuso, a partir de questões pontuais de Direito Constitucional, e o controle concentrado, em que determina, erga omnes, a interpretação de dispositivo constitucional.

Pela Lei Maior brasileira, a Suprema Corte é a "guardiã da Constituição" - e não uma "Constituinte derivada" -, como o é também o Conselho Constitucional francês: apenas protetor da Lei Suprema.

Ora, em idêntica questão houve por bem o Conselho Constitucional declarar que a união entre dois homens e entre duas mulheres é diferente da união entre um homem e uma mulher, esta capaz de gerar filhos. De rigor, a diferença é também biológica, pois na união entre pessoas de sexos opostos a relação se faz com a utilização natural de sua constituição física preparada para o ato matrimonial e capaz de dar continuidade à espécie. Trata-se, à evidência, de relação diferente daquela das pessoas do mesmo sexo, incapazes, no seu contato físico, porque biologicamente desprovidas da complementaridade biológica, de criar descendentes.

A Corte Constitucional da França, em 27 de janeiro de 2011, ao examinar a proposta de equiparação da união homossexual à união natural de um homem e uma mulher, declarou que "o princípio segundo o qual o matrimônio é a união de um homem e de uma mulher fez com que o legislador, no exercício de sua competência, que lhe atribui o artigo 34 da Constituição, considerasse que a diferença de situação entre os casais do mesmo sexo e os casais compostos de um homem e uma mulher pode justificar uma diferença de tratamento quanto às regras do Direito de Família", entendendo, por consequência, que "não cabe ao Conselho Constitucional substituir, por sua apreciação, aquela de legislador para esta diferente situação". Entendendo que só o Poder Legislativo poderia fazer a equiparação, impossível por um tribunal judicial, considerou que "as disposições contestadas não são contrárias a qualquer direito ou liberdade que a Constituição garante".

Sem entrar no mérito de ser ou não natural a relação diferente entre um homem e uma mulher daquela entre pessoas do mesmo sexo, quero realçar um ponto que me parece relevante e não tem sido destacado pela imprensa, preocupada em aplaudir a "coragem" do Poder Judiciário de legislar no lugar do "Congresso Nacional", que se teria omitido em "aprovar" os projetos sobre a questão aqui tratada.

A questão que me preocupa é esse ativismo judicial, que leva a permitir que um tribunal eleito por uma só pessoa substitua o Congresso Nacional, eleito por 130 milhões de brasileiros, sob a alegação de que, além de Poder Judiciário, é também Poder Legislativo, sempre que considerar que o Legislativo deixou de cumprir as suas funções.

Uma democracia em que a tripartição de Poderes não se faça nítida, deixando de caber ao Legislativo legislar, ao Executivo executar e ao Judiciário julgar, corre o risco de se tornar ditadura, caso o Judiciário, dilacerando a Constituição, se atribua o poder de invadir as funções de outro. E, no caso do Brasil, nitidamente o constituinte não deu ao Judiciário tal função. Pois nas "ações diretas de inconstitucionalidade por omissão" impõe ao Judiciário, apesar de declarar a inércia constitucional do Congresso, intimá-lo, sem prazo e sem sanção para produzir a norma.

Ora, no caso em questão, a Suprema Corte incinerou o parágrafo 2.º do artigo 103, ao colocar sob sua égide um tipo de união não previsto na Constituição, como se Poder Legislativo fosse, deixando de ser "guardião" do Texto Supremo para se transformar em "constituinte derivado".

Se o Congresso Nacional tivesse coragem, poderia anular tal decisão, baseado no artigo 49, inciso XI, da Constituição federal, que lhe permite sustar qualquer invasão de seus poderes por outro Poder, contando até mesmo com a garantia das Forças Armadas (artigo 142, "caput") para se garantir nas funções usurpadas, se solicitar esse auxílio.

Num país em que os Poderes, todavia, são, de mais em mais, "politicamente corretos", atendendo ao clamor da imprensa - que não representa necessariamente o clamor do povo -, nem o Congresso terá coragem de sustar a invasão de seus poderes pelo STF nem o Supremo deixará, nesta sua nova visão de que é o principal Poder da República, de legislar e definir as ações do Executivo, sob a alegação de que oferta uma interpretação "conforme a Constituição". A meu ver, desconforme, no caso concreto, pois contraria os fundamentos que embasam a família (pais e filhos) como entidade familiar.

É uma pena que a lição da Corte Constitucional francesa de respeito às funções de cada Poder sirva para um país cujas Constituição e civilização - há de se reconhecer - estão anos-luz adiante das nossas, mas não encontre eco entre nós.

Concluo estas breves considerações de velho professor de Direito, mais idoso do que todos os magistrados na ativa no Brasil, inclusive os da Suprema Corte, lembrando que, quando os judeus foram governados por juízes, o povo pediu a Deus que lhes desse um rei, porque não suportavam mais ser pelos juízes tutelados (O Livro dos Juízes). E Deus lhes concedeu um rei.

PROFESSOR EMÉRITO DAS UNIVERSIDADES MACKENZIE, UNIP, UNIFIEO E UNIFMU, DO CIEE-SP, DA ECEME  E DA ESG, É PRESIDENTE DO CONSELHO SUPERIOR DE DIREITO DA FECOMÉRCIO (SP), FUNDADOR E PRESIDENTE HONORÁRIO DO CENTRO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA (CEU) DO INSTITUTO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS (IISC)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Jesus Cristo: Eis o Mestre! - Por Gabriel Viviani

Inda recordo as palavras do filósofo Olavo de Carvalho: Não somos nós que devemos interpretar a Bíblia, é a Bíblia que deve nos interpretar. Conclusão surpreendente! Há momentos na vida de qualquer ser humano – ser humano interessado na verdade, fique claro – em que a aparente confusão das coisas se transforma em clareza. Um segundo somente… O véu se desloca diante dos nossos olhos, e compreendemos o que, até então, era somente um grande mistério. Foi exatamente o que percebi ao escutá-lo.

Crer em Deus, na atualidade, não é assim tão simples. Às vezes entendo os ateus. Onde Ele se encontra? Não são apenas as guerras, a violência urbana, as catástrofes naturais ou a miséria testemunhando contra a existência do sentido sobrenatural. Não, é toda essa nossa cultura, o ambiente ao redor, o relacionamento entre as pessoas – até mesmo no interior das famílias – questionando os valores religiosos. Como Deus aceita conviver com os homens desta sociedade tão individualista? Como consegue observar, impassível, a deteriorização desta humanidade? Se Deus existe, e se é mesmo Deus, com certeza faria algo… Mas onde Deus se encontra?

Suponho que a experiência mais angustiante do ser humano moderno é o silêncio de Deus. Somos, de algum modo, os herdeiros de René Descartes e da revolução científica, e, dessa maneira, carregamos no bojo de nossa alma um número incalculável de questionamentos. Tudo queremos compreender! E, é claro, nós queremos saber também sobre Deus. Que ou quem é Deus? Por que não nos fala diretamente, como a Bíblia diz que Ele costumava conversar com seus profetas ou mesmo com o próprio Filho? Isso é, às vezes, muito irritante! E chegamos até a esquecer, de modo bem conveniente, que o silêncio de Deus fez parte, inclusive, da existência daquele seu Filho, Jesus Cristo: Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste? (Mt 27, 46).
A teologia tem lá alguma responsabilidade nesse fenômeno que o filósofo Martin Buber chamou de eclipse de Deus[1]. O termo teo-logia significa, ao menos teoricamente, ciência de Deus, e, portanto, o objeto da investigação teológica é – deveria ser – Deus. Parece simples, mas nem tanto. Seguindo esse conceito puro e tradicional, estudar a Bíblia teria como finalidade primordial conhecer as manifestações de Deus na história do povo hebreu e cristão, desde o Gênesis até o Apocalipse. E por que conhecer as manifestações de Deus? Porque, segundo Ele mesmo, sua Palavra (seu Verbo) nos oferece a salvação e, consequentemente, a eternidade. Mas o que acontece quando identificamos contradições na Bíblia – e acreditem, elas são encontradas ocasionalmente no livro sagrado? O problema incomodou certos teólogos na Idade Média, e Pedro Abelardo – o mesmo que se enamorou de Heloísa – dedicou grande parte da carreira refletindo sobre o assunto. Sua conclusão foi a seguinte: quando dois ou mais trechos da Bíblia parecem contraditórios, o que deve determinar a verdade é a razão. O místico cisterciense São Bernardo de Claraval incomodou-se bastante com a solução de Pedro Abelardo, conseguindo que suas teorias fossem condenadas no Concílio de Sens (1121).
Segundo São Bernardo, a autoridade suprema não era a razão, mas a fé naquele que é a própria Revelação. Por mais que se considere a racionalidade como dom divino, o conhecimento do Deus supremo, dentro da tradição judaico-cristã, sempre se alicerçara na fé: credo ut intelligam, ou seja, creio para compreender. Na visão conciliar, portanto, o que o teólogo Pedro Abelardo parecia estar sugerindo era justamente o contrário: compreender para crer.
Pois é, pobre Pedro Abelardo, condenado no Concílio... Condenado, só que suas teorias, ao invés de serem esquecidas, acabaram determinando a pesquisa teológica moderna.           
Os teólogos protestantes da escola liberal encarnam, nos tempos mais recentes, a mesma premissa: o primado da razão. Pedro Abelardo já recebeu a condenação do concílio, e, sendo assim, não creio ser necessário condená-lo novamente aqui. Mas ouso, ao menos, defendê-lo daquilo que se tornou o desenvolvimento histórico de suas ideias. São Bernardo de Claraval, suponho, certamente não via em Abelardo o tipo de inteligência maligna capaz de negar a existência de Deus ou a veracidade da Bíblia. De fato, Pedro Abelardo não havia imaginado nada semelhante. Sua intenção era apenas tornar a fé mais clara utilizando-se do raciocínio lógico. São Bernardo compreendeu, não obstante, que conquanto aquilo parecesse até positivo, dar o primado à razão significava proporcionar-lhe a chance de negar a validade da fé. Só os místicos, como o cisterciense, dispõe dessa mente visionária!
A utilização da crítica racional acabou estrapolando, e a teologia liberal chegou até mesmo a decretar a morte de Deus. Tudo nas Sagradas Escrituras nos parecia contestável então, da existência histórica dos Patriarcas aos milagres realizados por Jesus Cristo. Se a razão não podia comprovar a veracidade dos acontecimentos, então crer se tornava impossível. Jesus transformou-se num ser humano comum da Galiléia – concediam-lhe, no máximo, o status do rabino de sabedoria espantosa, só isso – e o contato com a realidade sobrenatural numa esperança duvidosa. Daí, é claro que os teólogos foram-se limitando ao âmbito puramente material, surgindo depois tendências que buscavam aproximar o cristianismo ao marxismo, até que finalmente a teologia converteu-se num instrumento de revolução social. 
Se você conhece um bocadinho do que foram as décadas recentes nas universidades católicas, compreende bem… Todos os ramos do conhecimento desenvolvidos na modernidade usados mais como instrumentos de negação da realidade sobrenatural do que como companheiros da fé. Psicologia, linguística, arqueologia, teoria literária, sociologia, economia, tudo se tornando o critério da verdade, em detrimento da leitura espiritual da Bíblia. Dizer isso não significa defender uma interpretação literal e fundamentalista das Sagradas Escrituras. Pesquisas realizadas nessas áreas podem ser muito importantes para o aprofundamente da nossa relação com Deus. Vide, como exemplo, os estudos de Joaquim Jeremias[2] a respeito dos termos em aramaico empregados por Jesus no relacionamento com Abba (o Pai)… Sua teologia é um verdadeiro marco que, mergulhando no universo da linguística, desvela-nos a intimidade do coração de Cristo.
O coração de Cristo… Qual o valor das exegeses, qual o objetivo dos doutorados se tanto conhecimento adquirido não me conduz à intimidade desse coração? Posso compreender perfeitamente a tradução de determinados termos bíblicos em grego ou latim, conhecer a fundo a sociedade judaica da época, tecer comentários sobre as similitudes entre as crenças egípcias e a teologia do povo de Moisés, mas se as informações não me tornarem próximo do Cristo real, do Cristo homem e Deus, então será somente poeira. Ele mesmo disse: Quanto a vós, não permitais que vos chamem ‘Rabi’, pois um só é o vosso Mestre (Mt 23, 8); e depois novamente avisa: Nem permitais que vos chamem ‘Guias’, pois um só é vosso Guia, Cristo (Mt 23, 10). Se a si mesmo se chama Mestre, a nós atribui o caráter de discípulos. Somos discípulos e, dessa maneira, é absolutamente necessário que nos transformemos em aprendizes do coração de Jesus. Temos sim que pisar as terras áridas descritas na Bíblia, sentar a seus pés como a multidão naquela montanha, escutá-lo atentamente, ver os milagres que todos os dias realiza, até que, na caminhada, mesmo aparemente esquecidos dentro da aglomeração, aconteça-nos percebê-lo olhando direto para nós. E o seu olhar… Seu olhar é como flecha iluminada atravessando nossa alma! Como a si mesmo se revelou, Ele nos revela também.
Tomar a Bíblia nas mãos é colocar-se no limiar desse caminho, é estar próximo de ser o discípulo. Claro, nesse momento há sempre de nos ocorrer o pensamento: mas são expectativas muito exigentes, e eu… eu que sou assim tão imperfeito… O estilo de vida e de pensamento dos tempos modernos quer-nos acreditando que o caminho proposto pelos evangelhos é impossível, humanamente falando, e que, mesmo sendo possível, os sacrifício demandados no decorrer do caminho entram em conflito com a sede de felicidade, natural a todos os seres humanos. Bem, é verdade que os sacrifícios eventualmente acontecerão, mas é absolutamente falacioso afirmar que só teremos sacrifícios e que seguir a Cristo é humanamente inalcançável. Se os ensinamentos de Jesus são bastante exigentes, também devemos observar que, em ocasiões diversas, nem mesmo os discípulos próximos a Ele conseguiram aprendê-los de primeira. Recordemos que o grupo escolhido por Cristo era composto por homens que duvidaram, abandonaram e  negaram. Se Jesus Cristo é Deus – e eu creio firmemente nisso – é complicado imaginar que Ele não conhecesse a fundo os discípulos. Sim, Ele estava ciente da fragilidade encontrada nos homens e, não obstante, escolheu-os. Seus ensinamentos exigem comprometimento, mas o Mestre é todo paciência com os que se comprometem.
Ser parte daquele grupo de amigos, da comunidade dos que Cristo ia arrebanhando – e tudo isso no gesto de abrir as páginas da Bíblia – é a grande oportunidade que temos de encontrar respostas. Pois se você se coloca verdadeiramente ali, entre o povo de Israel, e ergue sua voz com coragem, questionando “Que ou quem é Deus?”, decerto será respondido. E se ousar, pressionando-lhe sobre as maiores questões do nosso tempo, sobre as questões existenciais de sua própria alma, também então terá respostas. Pois Cristo de si afirmou: Sou o Mestre! Qual o mestre que, deparando-se com tantas dúvidas no coração dos discípulos, não esclarece tudo com sabedoria? Qual o Guia que não conduz à Verdade?
Jesus Cristo: eis o Mestre! Luz dos tempos e caminho da eternidade. Ser aprendiz do Filho de Deus é, portanto, conhecer e ser conhecido, como disse o filósofo.


[1] Martin Buber, Eclipse de Deus, Verus Editora, 2007.
[2] Joaquim Jeremias, Teologia do Novo Testamento, Hagnos, 2008.

Site do escritor Gabriel Viviani: http://www.gabrielviviani.com/

Cardeal Raymundo Damasceno é o novo presidente da CNBB .

O arcebispo de Aparecida (SP), cardeal Raymundo Damasceno Assis foi eleito o novo presidente da CNBB. Com 196 votos, dom Damasceno foi eleito no segundo escrutínio. O cardeal de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer ficou em segundo lugar, com 75 votos.

No primeiro escrutínio, dom Damasceno havia obtido 161 votos contra 91 de dom Odilo. Por não ter alcançado 2/3 dos votos (182), houve a necessidade do segundo escrutínio. Dom Damasceno foi secretário da CNBB por dois mandatos consecutivos (1995-1998; 1999-2003).

Na primeira votação, também receberam votos o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta (14); o arcebispo de São Luís (MA), dom José Belisário da Silva; o arcebispo de Belo Horizonte (MG), dom walmor Oliveira de Azevedo; o bispo de Jundiaí (SP), dom Vicente Costa; o bispo da prelazia de São Felix (MT), dom Leonardo Steiner e o bispo de Cruz Alta (RS), dom Friederich Heimler, com um voto cada.

No segundo escrutínio, receberam votos o arcebispo do Rio, dom Orani João Tempesta (4) e o bispo de Santo André, dom Nelson Westrupp (1).Amanhã as eleições continuam para vice-presidente e secretário. Eleitos os membros da Presidência, a Assembleia escolherá os 12 presidentes das Comissões Pastorais e o delegado da CNBB junto ao Conselho Episcopal da América Latina e Caribe (Celam).

 

Currículo de Dom Raymundo Damasceno Assis


Cardeal dom Raymundo Damasceno Assis é arcebispo de Aparecida (SP). Nasceu em 1937 na cidade mineira de Capela Nova (MG). Teve sua ordenação presbiteral em 1968, em Conselheiro Lafaiete (MG) e ordenação episcopal em 1986, em Brasília (DF).

Dom Raymundo estudou Filosofia no Seminário Maior de Mariana (MG) e Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (Itália). Dom Raymundo Damasceno foi, antes do episcopado, professor no Seminário Maior e na Universidade de Brasília (UnB) de 1976 a 1986.

Foi bispo auxiliar de Brasília, vigário geral e vigário episcopal na arquidiocese de Brasília, professor do departamento de Filosofia da UnB, Secretário Geral do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), secretário geral da IV Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, em Santo Domingo, Secretário Geral da CNBB por dois mandatos, Delegado ao Sínodo Especial para a África, Sínodo sobre a vida religiosa, como convidado, Delegado à Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a América por eleição da Assembleia da CNBB e confirmado pelo papa João Paulo II, membro do Pontifício Conselho para as Comunicações, membro do Departamento de Comunicação do CELAM, membro da Comissão para a Comunicação, Educação e Cultura da CNBB, Delegado do CELAM, Presidente do CELAM, membro da Pontifícia Comissão para a América Latina – CAL e sínodo para a África (2009).

Seu lema episcopal é: “In Gaudium domini” (Na Alegria do Senhor).

Começa o processo das eleições na CNBB

A Assembleia da CNBB começa, hoje, o processo de eleições para os cargos de presidente, vice-presidente, secretário geral e presidentes das Comissões Episcopais Pastorais da CNBB. Na segunda sessão da manhã, os 17 Regionais da CNBB se reúnem e farão levantamento de nomes para as várias funções. O primeiro escrutínio será no final da terceira sessão do dia, que começa às 15h40.

O presidente, o vice-presidente e o secretário-geral da CNBB são eleitos em votações separadas. O eleito deve obter dois terços (2/3) dos votos no primeiro ou segundo escrutínios. Se houver terceiro e quarto escrutínio, basta a maioria absoluta dos votos. Se nem assim houver eleito, o quinto e último escrutínio se fará entre os dois candidatos mais votados no quarto escrutínio, conforme o Artigo 43 do Estatuto da CNBB.

Somente um bispo diocesano, isto é, aquele que está à frente de uma diocese, pode ser eleito presidente ou vice-presidente da CNBB.

Já os presidentes das 12 Comissões Pastorais são eleitos, um a um, em votações separadas, por maioria absoluta dos votos no primeiro e segundo escrutínio. Não havendo eleito nos dois primeiros escrutínios, o terceiro e último escrutínio é feito entre os dois candidatos mais votados no segundo escrutínio.

Fonte: Site CNBB

Cardeal retira licença de teólogo gay oposto à doutrina católica

COLÔNIA, 08 Mai. 11 / 12:36 pm (ACI/EWTN Noticias)

O Arcebispo de Colônia (Alemanha), Cardeal Joachim Meisner, decidiu retirar a licença de ensino do teólogo gay David Berger, quem pública e reiteradamente expressou sua oposição à doutrina católica sobre a homossexualidade.

Em um recente comunicado publicado pela Arquidiocese sobre o caso, destaca-se que o Cardeal decidiu retirar a Berger a "missio canonica", quer dizer, a licença para ensinar religião católica em escolas.

O texto indica ademais que o Cardeal se "viu obrigado a dar este passo porque o Dr. Berger, através de suas publicações e pronunciamentos em meios de comunicação estabelece que não está de acordo com a doutrina e as normas morais e jurídicas da Igreja".

Com esta atitude, Berger de 43 anos de idade, "destruiu a essencial confiança para a missão de evangelizar e por isso o Bispo considera que não pode ser digno de crédito quanto à instrução religiosa da Igreja Católica. Por isso, o retiro da licença para ensinar a doutrina da Igreja é inevitável".

O Arcebispo tomou esta decisão apoiado no Código de Direito Canônico e nas demais normas complementares da Igreja.

Sobre David Berger, o jornal francês La Croix recorda que no ano 2010 foi separado pela Academia Pontifícia de Santo Tomás de Aquino devido a um artigo que publicou no jornal alemão Frankfurter Rundschau, no qual "deplorava uma atitude ‘limitada’ da Igreja para com os homossexuais".

Além disso, Berger escreveu o livro titulado Der heilige Schein (A Santa Aparição) "no que critica abertamente a doutrina da Igreja".

O ensinamento da Igreja sobre a Homossexualidade

O ensinamento católico em relação à homossexualidade está resumida em três artigos do Catecismo da Igreja Católica; 2357, 2358 e 2359. Nestes artigos a Igreja ensina que:

Os homossexuais "devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta".

A homossexualidade, como tendência é "objetivamente desordenada", que "constitui para a maioria deles (os homossexuais) uma autêntica prova".

Apoiado na Sagrada Escritura "a Tradição declarou sempre que "os atos homossexuais são intrinsecamente desordenados", "não procedem de uma verdadeira complementaridade afetiva e sexual" e portanto "não podem receber aprovação em nenhum caso".

"As pessoas homossexuais estão chamadas à castidade" e "mediante o apoio de uma amizade desinteressada, da oração e a graça sacramental, podem e devem aproximar-se gradual e resolutamente à perfeição cristã

Jamais ceder ao hedonismo ou ao materialismo no anúncio de Cristo com esperança, pede o Papa

Vaticano, 08 Mai. 11 / 06:22 pm (ACI/EWTN Noticias)

Na homilia da Missa que presidiu este domingo no Parque São Giuliano em Veneza (Itália), o Papa Bento XVI exortou a "não ceder jamais às recorrentes tentações da cultura hedonística e aos chamados do consumismo materialista" ante a imensa tarefa de anunciar com esperança a Cristo a todo mundo.

Em sua reflexão sobre o Evangelho dos discípulos de Emáus, o Santo Padre explicou que este episódio "mostra as conseqüências que Jesus ressuscitado realiza nos discípulos: conversão do desespero à esperança; conversão da tristeza à alegria; e também conversão à vida comunitária".

"Às vezes, quando se fala de conversão, pensa-se unicamente a seu aspecto fatigante, de desapego e de renúncia. Por outra parte, a conversão cristã é também, e sobre tudo, fonte de gozo, de esperança e de amor. Ela é sempre obra de Jesus ressuscitado, Senhor da vida, que nos obteve esta graça por meio de sua paixão e que nos comunica isso com a força de sua ressurreição".

Conforme informa a Rádio Vaticano, o Papa recordou que hoje como no passado, "também é necessário falar da esperança cristã ao homem moderno, oprimido, não raramente, pelos vastos e inquietantes problemas que colocam em crise os fundamentos de seu próprio ser e agir".

“E, no entanto, hoje esse ser de Cristo corre o risco de esvaziar-se da sua verdade e dos seus conteúdos mais profundos corre o risco de reduzir-se a um cristianismo no qual a experiência de fé em Jesus crucificado e ressuscitado não ilumina o caminho da existência, como ouvimos a propósito dos discípulos de Emaús, que após a crucifixão de Jesus, voltavam para casa imersos na dúvida, na tristeza e na desilusão", assinalou o Pontífice.

Ante o "problema do mal, da dor e do sofrimento, o problema da injustiça e do atropelo, o medo aos outros, aos estranhos e aos que de longe chegam até nossas terras e parecem atentar contra aquilo que somos" deve fazer que cada um se deixe "instruir por Jesus: acima de tudo escutando e amando a Palavra de Deus, lida no Mistério Pascal, para que inflame nosso coração e ilumine nossa mente, ajude-nos a interpretar os acontecimentos da vida e a dar-lhes um sentido".

"Logo é necessário sentar-se à mesa com o Senhor, converter-se em seus comensais, para que sua presença humilde no sacramento de seu Corpo e de seu Sangue nos restitua o olhar da fé, para olhar tudo e a todos com os olhos de Deus, e a luz de seu amor. Permanecer com Jesus que permaneceu conosco, assimilar seu estilo de vida entregue, escolher com ele a lógica da comunhão entre nós, da solidariedade e do compartilhar".

Depois de destacar que os discípulos de Emaús logo depois de reconhecer o Senhor sentem a necessidade de anunciá-lo e logo depois de alentar os esforços pela nova evangelização e o testemunho de Cristo que devem dar os católicos, o Papa advertiu sobre desafios que os povos tradicionalmente católicos enfrentam.

"Sei como foi e continua sendo grande o compromisso de vocês em defender os perenes valores da fé cristã. Encorajo-os a jamais cederem às costumeiras tentações da cultura hedonista e às evocações do consumismo materialista".

"Acolham o convite do apóstolo Pedro, contido na segunda leitura de hoje, a comportar-se ‘com temor durante o tempo de sua peregrinação’: convite que se concretiza em uma vida vivida intensamente nas ruas de nosso mundo, na consciência da meta a alcançar: a unidade com Deus, em Cristo crucificado e ressuscitado".

O Papa ressaltou que "nossa fé e nossa esperança estão dirigidas a Deus: dirigidas a Deus porque radicadas nele, fundadas sobre seu amor e sobre sua fidelidade. Nos séculos passados, suas Igrejas conheceram uma rica tradição de santidade e de generoso serviço aos irmãos graças à obra de vigorosos sacerdotes, religiosos e religiosas de vida ativa e contemplativa".

Depois de alentar a prosseguir os esforços de solidariedade para com os imigrantes, o Papa recordou os testemunhos de diversos Santos venezianos como São Pio X e o Beato João XXIII.

"Estes luminosos testemunhos do Evangelho são a maior riqueza de seu território: sigam seus exemplos e seus ensinamentos, conjugando-as com as exigências atuais. Tenham confiança: o Senhor ressuscitado caminha convosco ontem hoje e sempre", concluiu

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ator de "A Paixão de Cristo" Perseguido Devido ao Filme

WASHINGTON DC, 05 Mai. 11 / 01:45 pm (ACI)

O ator norte-americano Jim Caviezel explicou que ter interpretado Jesus no filme A Paixão de Cristo "arruinou" sua carreira mas esclareceu que não se arrepende de tê-lo feito.

Em declarações ao Daily Mail, Caviezel de 42 anos explica como logo depois de ter interpretado o papel de Cristo no filme –em cuja filmagem foi atingido por um raio e deslocou um ombro em uma cena da crucificação– as portas de Hollywood foram fechando-se uma atrás da outra para ele. "Fui rechaçado por muitos em minha própria indústria", indicou.

Ante um grupo de fiéis em uma igreja em Orlando, Flórida, onde chegou para promover um livro em áudio da Bíblia, Caviezel -que se declara católico- comentou que era consciente de que isto podia acontecer e não se arrepende de ter atuado como Cristo. Mel Gibson, o diretor da obra, também o advertiu das conseqüências negativas para sua carreira se aceitava o papel.

"Disse-me: ´Você nunca voltará a trabalhar nesta cidade (Hollywood) e eu respondi: ‘Todos temos que abraçar nossas cruzes’. Jesus é tão polêmico hoje como sempre foi. As coisas não mudaram muito em dois mil anos", disse.

Caviezel, quem atuou em filmes como O Conde de Montecristo, Olhar de Anjo, e Além da Linha Vermelha era considerado antes da Paixão de Cristo como uma estrela ascendente em Hollywood, mas tudo mudou a partir da produção de 2004 que foi atacada ferozmente pelos meios seculares e pela poderosa Liga Antidifamatória Judia nos Estados Unidos que a considerou anti-semita.

Sobre Mel Gibson, Jim Caviezel comenta que "é um pecador horrível, não?, entretanto ele não necessita nosso juízo mas as nossas orações".

O ator afirmou também que sua fé o guia no âmbito pessoal e profissional. Por isso, não acredita que tenha sido uma coincidência que "aos 33 anos pedissem interpretar o papel de Jesus" e brincou sobre o fato de que seus iniciais (JC) fossem as mesmas que as de Jesus Cristo.

Em março de 2004, Jim Caviezel foi recebido pelo Papa João Paulo II com quem conversou durante uns dez minutos acompanhado por sua esposa e seus sogros. Esse mesmo mês, o ator concedeu uma interessante entrevista à agência ACI Prensa na que detalhou como o fato de ter interpretado Jesus transformou sua vida e fortaleceu muito sua fé.

Naquela ocasião disse: "esta experiência me jogou nos braços de Deus".

Comento:

Pois é, meus caros, Jim Caviezel despertou a ira dos poderosos secularistas. Há quem imagine - ingenuamente - que Hollywood seja a máquina de propaganda do imperialismo norte-americano. Tal tolice é repetida por esquerdistas que bem sabem ser a verdade muito diferente. A indústria do cinema norte-americano está completamente corroída pela esquerda, e a entrega da premiação do Oscar não é mais do que o festival do politicamente correto.

Não é só a carreira de Jim Caviezel que foi para o brejo depois do filme A Paixão de Cristo. O católico Mel Gibson também se tornou o bode expiatório predileto da imprensa, principalmente depois do filme Apocalypto. Qual o pecado tão tenebroso de Mel Gibson em Apocalypto? O diretor vinculou a decadência do império maia à degradação moral do seu povo. O problema é que ele colocou como uma das causas dessa degradação o homossexualismo que, na história, se transforma em prática comum entre a população maia. Isso bastou! Depois de A Paixão de Cristo e Apocalypto, Mel Gibson foi praticamente abolido da indústria cinematográfica, e a perseguição teve sérias consequências em sua vida pessoal.

O que ninguém diz é que Mel Gibson não inventou a tese do fim de um império como resultado da decadência moral. Os maiores historiadores do Império Romano sempre afirmaram que uma das causas principais da queda de Roma foi a decadência moral de seu povo. Mesmo na tradição hebraica, é conhecidíssima a história de Sodoma e Gomorra, cidades onde o clamor dos pecados conseguiu despertar a ira de Deus.

A questão toda é, afinal, a seguinte: não importa o que Jim Caviezel e Mel Gibson façam ou digam, seu verdadeiro equívoco - aos olhos de Hollywood - é o de serem católicos demais. Se defendessem um assassino como Che Guevara ou Lênin, certamente teriam as portas abertas dentro da indústria. Mas como professaram publicamente a fé em Jesus Cristo, então serão desprezados e perseguidos.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

CNBB: A luta não é do bem contra o mal, a Constituição é contra

Advogado fala em nome da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil e diz que "pluralidade tem limite"


Severino Motta, iG Brasília | 04/05/2011 18:03

Falando em nome da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante julgamento de duas ações de reconhecimento de união homoafetiva como entidade familiar no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Hugo Cysneiros disse que a Constituição brasileira é clara e específica em relação à união estável. Ao ler o artigo 226 da Carta Magna ele destacou que se o legislador fosse favorável à equiparação de direitos para casais homoafetivos, teria usado a palavra "indivíduos" ou "seres humanos", e não homens e mulheres para efeito de proteção do Estado.

"Aqui se procura o que quis dizer o nosso legislador. Acho que ele já disse tudo. A Constituição falou em homem e mulher. Se a falta da palavra apenas permitisse pensar de outra maneira, a Constituição usaria a palavra indivíduos, seres humanos, pessoas (...) Lacuna constitucional não pode ser usada para encontrar na Constituição aquilo que quero ouvir", disse. "Aqui não é luta do bem contra o mal (...) a Constituição é contra", completou.

Ele ainda questionou como seria possível ir contra a constitucionalidade de um trecho do Código Civil, que prevê a união estável entre homens e mulheres, uma vez que ele é uma cópia do artigo da própria Constituição.

"O dispositivo inconstitucional reproduz a constituição, como pode ser inconstitucional. Não se trata de dizer se contra ou a favor de alguma coisa, mas se é ou não constitucional. Afeto e existência não pode ser requisito fático para existência de união estável (...) pluralidade tem limite", disse.

Após centrar foco em argumentos constitucionais, o advogado também buscou no cristianismo embasamento para seus argumentos. Disse que alguns poderiam considerá-lo medieval, mas que disso não sentiria vergonha, pois "São Tomás de Aquino também foi considerado medieval".

Ainda destacou que "o catecismo vê esse tipo de comportamento algo de deve ser combatido e não admitido por quem crê na fé cristã".

Defender o direito fundamental da liberdade religiosa, exorta o Papa

Vaticano, 04 Mai. 11 / 04:20 pm (ACI/EWTN Noticias)

Em uma mensagem dada a conhecer hoje enviado a Mary Ann Glendon, Presidente da Pontifícia Academia de Ciências Sociais, o Papa Bento XVI alentou a defender e promover o direito humano fundamental à liberdade religiosa e de culto.

No texto enviado por ocasião da 17ª assembléia plenária do mencionado dicastério cujo tema é "Os direitos universais em um mundo de diversidade: o caso da liberdade religiosa", o Papa escreve que este direito é ameaçado atualmente "por atitudes e ideologias que impedem a manifestação livre da religião".

"Em conseqüência, é preciso reagir, defendendo e promovendo o direito à liberdade religiosa e de culto", exorta.

"Como o homem goza da capacidade de escolher livre e pessoalmente a verdade, e posto que Deus espera do ser humano uma resposta livre a sua chamada, o direito à liberdade religiosa deve ser considerado como inato à dignidade fundamental de toda pessoa humana, em conexão com a abertura natural do coração humano a Deus".

De fato, precisa o Papa, "a autêntica liberdade de religião permite à pessoa humana obter sua realização e assim contribuir ao bem comum da sociedade".

Seguidamente Bento XVI ressalta que "cada estado tem o direito soberano de promulgar sua própria legislação e de expressar diferentes posturas para a religião no direito. De fato, há alguns estados que permitem uma ampla liberdade religiosa em nossa compreensão do termo, enquanto que outros a limitam por uma série de razões, entre elas a desconfiança na religião".

"A Santa Sé segue fazendo insistência no reconhecimento do direito humano fundamental à liberdade religiosa por parte de todos os estados, e os insiste a respeitar, e se for necessário proteger as minorias religiosas que, embora professem uma religião diferente da maioria, aspiram a viver com seus cidadãos pacificamente e a participar plenamente na vida civil e política da nação, em benefício de todos", conclui.

Mary Ann Glendon, Presidente da Pontifícia Academia de Ciências Sociais deu uma conferência de imprensa na que explicou que os trabalhos da assembléia tiveram quatro áreas principais:

A coerção estatal e a perseguição dos crentes; as restrições estatais à liberdade religiosa das minorias; a pressão social sobre as minorias religiosas que podem ou não ser sancionadas pelo Estado, mas que entretanto limita as liberdades dessas minorias; e "o crescimento do fundamentalismo secular nos países ocidentais, que considera os crentes uma ameaça à política secular, democrática liberal.

Lech Walesa: João Paulo II fez o milagre de derrotar o comunismo na Polônia

ROMA, 04 Mai. 11 / 01:56 pm (ACI/EWTN Noticias)

O Ex-presidente da Polônia e Prêmio Nobel da Paz, Lech Walesa, recordou a João Paulo II como um dos artífices da derrota do comunismo nesse país e como com sua ajuda essa nação pôde derrotar o regime com as armas da fé e da solidariedade.

Em um artigo publicado pelo L’Osservatore Romano na edição de 4 de maio, que também faz parte do primeiro capítulo do livro "Sobre as asas da liberdade: Fé e solidariedade juntas fizeram milagres", publicado com a ocasião da beatificação de João Paulo II, Walesa recorda a situação da Polônia nos anos 70 quando o país era dominado pelo comunismo e os grupos opositores eram pequenos e estavam desunidos.

"Ao final dos anos setenta, a oposição ao regime comunista na Polônia era muito fraca: pequenos grupos de pessoas nas que sempre crescia o desalento e a divisão interna, eu mesmo, por pertencer a eles, estava de licença e tinha que prover para cinco dos meus agora oito filhos. ‘Necessitamos tanto coisas, pense como consegui-lo, faça as coisas’, dizia-me minha esposa Danuta que certamente nunca obstaculizou minha atividade política: ela tinha entendido que o que eu fazia era também para o futuro dos nossos filhos".

Em meio de grandes dificuldades, "naquele momento de grande debilidade, de desconfiança e impotência, quando tudo parecia perdido, Deus veio ao nosso auxílio: em 16 de outubro de 1978 um polonês foi eleito Papa, um polonês de nome Karol Wojtyla. E depois de um ano, apenas um ano depois, esse Papa veio à Polônia".

Walesa não pôde ver o Papa porque as autoridades o impediram, entretanto recorda com emoção que no dia 2 de junho de 1979 mais de um milhão de pessoas escutaram a João Paulo II em Varsóvia e clamaram "Queremos Deus, queremos Deus!"

Logo depois de dizer-lhes que os abraçava "com o pensamento e o coração", o Pontífice disse: "e grito, eu, filho de terra polonesa e eu, João Paulo II Papa, grito do profundo deste milênio, grito na vigília do Pentecostes: que descenda seu Espírito! E renove a face da terra, desta terra!"

Walesa precisa então que o Papa não incitou à luta armada mas à luta da fé, à "imensa potência de Deus". "Ante o poder comunista estávamos como imobilizados e aturdidos: em nossos corações uma grande alegria havia desalojado a incerteza e o medo, víamo-nos os olhos uns aos outros cheios por uma esperança nova para o futuro, olhando ao nosso redor que evidentemente não fomos poucos e que se era possível acreditar".

A partir desse dia "fomos testemunhas e protagonistas juntos da força inquebrável da fé: em que apesar de cinqüenta anos de comunismo na Polônia, um povo inteiro participava dos encontros do Papa, um povo inteiro começou a rezar e esperar".

Esta atitude do povo não agradou as autoridades que viam que sua doutrinação comunista não desterrou a fé, recorda Walesa e precisa além que sem o Papa nunca teria sido possível a experiência do movimento Solidariedade que liderou, o projeto de onde se traçou de maneira pacífica a mudança para o país.

"Sem o Papa Wojtyla não teria havido a experiência de Solidariedade, aquela experiência única e tão potente de solidariedade dos homens em luta pacífica pela liberdade que o mundo conheceu perto de um anos depois da visita do Papa polonês à sua terra".

Depois de recordar que o governo desterrou das pedreiras as imagens da Virgem negra de Czestochowa e do Papa, Walesa refere umas palavras de um líder aos operários quando a situação do país era complicada "Se isto for assim, quem está contra nós? Se tivermos iniciado isto no nome de Deus, vamos adiante com Ele".

E assim, conclui Walesa, "fé e solidariedade juntas fizeram milagres.

Dom Bernardo Bonowitz no Jô Soares

Imperdível! Entrevista do abade dom Bernardo Bonowitz (Mosteiro Trapista do Paraná) no Jô Soares.

Veja o vídeo aqui.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Homilia do Papa Bento XVI (Beatificação de João Paulo II)

Domingo, 1° de Maio de 2011

Amados irmãos e irmãs,

Passaram já seis anos desde o dia em que nos encontrávamos nesta Praça para celebrar o funeral do Papa João Paulo II. Então, se a tristeza pela sua perda era profunda, maior ainda se revelava a sensação de que uma graça imensa envolvia Roma e o mundo inteiro: graça esta, que era como que o fruto da vida inteira do meu amado Predecessor, especialmente do seu testemunho no sofrimento. Já naquele dia sentíamos pairar o perfume da sua santidade, tendo o Povo de Deus manifestado de muitas maneiras a sua veneração por ele. Por isso, quis que a sua Causa de Beatificação pudesse, no devido respeito pelas normas da Igreja, prosseguir com discreta celeridade. E o dia esperado chegou! Chegou depressa, porque assim aprouve ao Senhor:  João Paulo II é Beato!

Desejo dirigir a minha cordial saudação a todos vós que, nesta circunstância feliz, vos reunistes, tão numerosos, aqui em Roma vindos de todos os cantos do mundo: cardeais, patriarcas das Igrejas Católicas Orientais, irmãos no episcopado e no sacerdócio, delegações oficiais, embaixadores e autoridades, pessoas consagradas e fiéis leigos; esta minha saudação estende-se também a quantos estão unidos connosco através do rádio e da televisão.

Estamos no segundo domingo de Páscoa, que o Beato  João Paulo II quis intitular Domingo da Divina Misericórdia. Por isso, se escolheu esta data para a presente celebração, porque o meu Predecessor, por um desígnio providencial, entregou o seu espírito a Deus justamente ao anoitecer da vigília de tal ocorrência. Além disso, hoje tem início o mês de Maio, o mês de Maria; e neste dia celebra-se também a memória de São José operário. Todos estes elementos concorrem para enriquecer a nossa oração; servem-nos de ajuda, a nós que ainda peregrinamos no tempo e no espaço; no Céu, a festa entre os Anjos e os Santos é muito diferente! E todavia Deus é um só, e um só é Cristo Senhor que, como uma ponte, une a terra e o Céu, e neste momento sentimo-lo muito perto, sentimo-nos quase participantes da liturgia celeste.

«Felizes os que acreditam sem terem visto» (Jo 20, 29). No Evangelho de hoje, Jesus pronuncia esta bem-aventurança: a bem-aventurança da fé. Ela chama de modo particular a nossa atenção, porque estamos reunidos justamente para celebrar uma Beatificação e, mais ainda, porque o Beato hoje proclamado é um Papa, um Sucessor de Pedro, chamado a confirmar os irmãos na fé.  João Paulo II é Beato pela sua forte e generosa fé apostólica. E isto traz imediatamente à memória outra bem-aventurança: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus» (Mt 16, 17). O que é que o Pai celeste revelou a Simão? Que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus vivo. Por esta fé, Simão se torna «Pedro», rocha sobre a qual Jesus pode edificar a sua Igreja. A bem-aventurança eterna de  João Paulo II, que a Igreja tem a alegria de proclamar hoje, está inteiramente contida nestas palavras de Cristo: «Feliz de ti, Simão» e «felizes os que acreditam sem terem visto». É a bem-aventurança da fé, cujo dom também  João Paulo II recebeu de Deus Pai para a edificação da Igreja de Cristo.

Entretanto perpassa pelo nosso pensamento mais uma bem-aventurança que, no Evangelho, precede todas as outras. É a bem-aventurança da Virgem Maria, a Mãe do Redentor. A Ela, que acabava de conceber Jesus no seu ventre, diz Santa Isabel: «Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor» (Lc 1, 45). A bem-aventurança da fé tem o seu modelo em Maria, pelo que a todos nos enche de alegria o facto de a beatificação de  João Paulo II ter lugar no primeiro dia deste mês mariano, sob o olhar materno d’Aquela que, com a sua fé, sustentou a fé dos Apóstolos e não cessa de sustentar a fé dos seus sucessores, especialmente de quantos são chamados a sentar-se na cátedra de Pedro. Nas narrações da ressurreição de Cristo, Maria não aparece, mas a sua presença pressente-se em toda a parte: é a Mãe, a quem Jesus confiou cada um dos discípulos e toda a comunidade. De forma particular, notamos que a presença real e materna de Maria aparece assinalada por São João e São Lucas nos contextos que precedem tanto o Evangelho como a primeira Leitura de hoje: na narração da morte de Jesus, onde Maria aparece aos pés da Cruz (Jo 19, 25); e, no começo dos Actos dos Apóstolos, que a apresentam no meio dos discípulos reunidos em oração no Cenáculo (Act 1, 14).

Também a segunda Leitura de hoje nos fala da fé, e é justamente São Pedro que escreve, cheio de entusiasmo espiritual, indicando aos recém-baptizados as razões da sua esperança e da sua alegria. Apraz-me observar que nesta passagem, situada na parte inicial da sua Primeira Carta, Pedro exprime-se não no modo exortativo, mas indicativo. De facto, escreve: «Isto vos enche de alegria»; e acrescenta: «Vós amais Jesus Cristo sem O terdes conhecido, e, como n’Ele acreditais sem O verdes ainda, estais cheios de alegria indescritível e plena de glória, por irdes alcançar o fim da vossa fé: a salvação das vossas almas» (1 Ped 1, 6.8-9). Está tudo no indicativo, porque existe uma nova realidade, gerada pela ressurreição de Cristo, uma realidade que nos é acessível pela fé. «Esta é uma obra admirável – diz o Salmo (118, 23) – que o Senhor realizou aos nossos olhos», os olhos da fé.

Queridos irmãos e irmãs, hoje diante dos nossos olhos brilha, na plena luz de Cristo ressuscitado, a amada e venerada figura de  João Paulo II. Hoje, o seu nome junta-se à série dos Santos e Beatos que ele mesmo proclamou durante os seus quase 27 anos de pontificado, lembrando com vigor a vocação universal à medida alta da vida cristã, à santidade, como afirma a Constituição conciliar Lumem gentium sobre a Igreja. Os membros do Povo de Deus – bispos, sacerdotes, diáconos, fiéis leigos, religiosos e religiosas – todos nós estamos a caminho da Pátria celeste, tendo-nos precedido a Virgem Maria, associada de modo singular e perfeito ao mistério de Cristo e da Igreja. Karol Wojtyła, primeiro como Bispo Auxiliar e depois como Arcebispo de Cracóvia, participou no Concílio Vaticano II e bem sabia que dedicar a Maria o último capítulo da Constituição sobre a Igreja significava colocar a Mãe do Redentor como imagem e modelo de santidade para todo o cristão e para a Igreja inteira. Foi esta visão teológica que o Beato João Paulo II descobriu na sua juventude, tendo-a depois conservado e aprofundado durante toda a vida; uma visão, que se resume no ícone bíblico de Cristo crucificado com Maria ao pé da Cruz. Um ícone que se encontra no Evangelho de João (19, 25-27) e está sintetizado nas armas episcopais e, depois, papais de Karol Wojtyła: uma cruz de ouro, um «M» na parte inferior direita e o lema «Totus tuus», que corresponde à conhecida frase de São Luís Maria Grignion de Monfort, na qual Karol Wojtyła encontrou um princípio fundamental para a sua vida: «Totus tuus ego sum et omnia mea tua sunt. Accipio Te in mea omnia. Praebe mihi cor tuum, Maria – Sou todo vosso e tudo o que possuo é vosso. Tomo-vos como toda a minha riqueza. Dai-me o vosso coração, ó Maria» (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n. 266).

No seu Testamento, o novo Beato deixou escrito: «Quando, no dia 16 de Outubro de 1978, o conclave dos cardeais escolheu  João Paulo II, o Card. Stefan Wyszyński, Primaz da Polónia, disse-me: “A missão do novo Papa será a de introduzir a Igreja no Terceiro Milénio”». E acrescenta: «Desejo mais uma vez agradecer ao Espírito Santo pelo grande dom do Concílio Vaticano II, do qual me sinto devedor, juntamente com toda a Igreja e sobretudo o episcopado. Estou convencido de que será concedido ainda por muito tempo, às sucessivas gerações, haurir das riquezas que este Concílio do século XX nos prodigalizou. Como Bispo que participou no evento conciliar, desde o primeiro ao último dia, desejo confiar este grande património a todos aqueles que são, e serão, chamados a realizá-lo. Pela minha parte, agradeço ao Pastor eterno que me permitiu servir esta grandíssima causa ao longo de todos os anos do meu pontificado». E qual é esta causa? É a mesma que João Paulo II enunciou na sua primeira Missa solene, na Praça de São Pedro, com estas palavras memoráveis: «Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!». Aquilo que o Papa recém-eleito pedia a todos, começou, ele mesmo, a fazê-lo: abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e económicos, invertendo, com a força de um gigante – força que lhe vinha de Deus –, uma tendência que parecia irreversível. Com o seu testemunho de fé, de amor e de coragem apostólica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana, este filho exemplar da Nação Polaca ajudou os cristãos de todo o mundo a não ter medo de se dizerem cristãos, de pertencerem à Igreja, de falarem do Evangelho. Numa palavra, ajudou-nos a não ter medo da verdade, porque a verdade é garantia de liberdade. Sintetizando ainda mais: deu-nos novamente a força de crer em Cristo, porque Cristo é o Redentor do homem – Redemptor hominis: foi este o tema da sua primeira Encíclica e o fio condutor de todas as outras.

Karol Wojtyła subiu ao sólio de Pedro trazendo consigo a sua reflexão profunda sobre a confrontação entre o marxismo e o cristianismo, centrada no homem. A sua mensagem foi esta: o homem é o caminho da Igreja, e Cristo é o caminho do homem. Com esta mensagem, que é a grande herança do Concílio Vaticano II e do seu «timoneiro» – o Servo de Deus Papa Paulo VI –,  João Paulo II foi o guia do Povo de Deus ao cruzar o limiar do Terceiro Milénio, que ele pôde, justamente graças a Cristo, chamar «limiar da esperança». Na verdade, através do longo caminho de preparação para o Grande Jubileu, ele conferiu ao cristianismo uma renovada orientação para o futuro, o futuro de Deus, que é transcendente relativamente à história, mas incide na história. Aquela carga de esperança que de certo modo fora cedida ao marxismo e à ideologia do progresso,  João Paulo II legitimamente reivindicou-a para o cristianismo, restituindo-lhe a fisionomia autêntica da esperança, que se deve viver na história com um espírito de «advento», numa existência pessoal e comunitária orientada para Cristo, plenitude do homem e realização das suas expectativas de justiça e de paz.

Por fim, quero agradecer a Deus também a experiência de colaboração pessoal que me concedeu ter longamente com o Beato Papa João Paulo II. Se antes já tinha tido possibilidades de o conhecer e estimar, desde 1982, quando me chamou a Roma como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, pude durante 23 anos permanecer junto dele crescendo sempre mais a minha veneração pela sua pessoa. O meu serviço foi sustentado pela sua profundidade espiritual, pela riqueza das suas intuições. Sempre me impressionou e edificou o exemplo da sua oração: entranhava-se no encontro com Deus, inclusive no meio das mais variadas incumbências do seu ministério. E, depois, impressionou-me o seu testemunho no sofrimento: pouco a pouco o Senhor foi-o despojando de tudo, mas permaneceu sempre uma «rocha», como Cristo o quis. A sua humildade profunda, enraizada na união íntima com Cristo, permitiu-lhe continuar a guiar a Igreja e a dar ao mundo uma mensagem ainda mais eloquente, justamente no período em que as forças físicas definhavam. Assim, realizou de maneira extraordinária a vocação de todo o sacerdote e bispo: tornar-se um só com aquele Jesus que diariamente recebe e oferece na Igreja.

Feliz és tu, amado Papa  João Paulo II, porque acreditaste! Continua do Céu – nós te pedimos – a sustentar a fé do Povo de Deus. Muitas vezes, do Palácio, tu nos abençoaste nesta Praça! Hoje nós  te pedimos: Santo Padre, abençoa-nos! Amen.

sábado, 30 de abril de 2011

Por Que João Ainda Encanta? - Por Hugo Studart

"Santo subito" - exigia a multidão durante os funerais de Karol Wojtyla, em abril de 2005. Vox populi, vox Dei - responderam os prelados católicos. Preparem-se, prezados leitores, pois vem aí o papa santo! João Paulo II será beatificado neste domingo, o último estágio antes da canonização oficial. É intrigante entender o que fez desse homem alguém tão encantador. Seis anos após a sua morte, como consegue continuar mobilizando multidões? Qual o conteúdo mágico de suas mensagens? Talvez esse papa exprimisse a esperança de um tempo. Já escreveram que ele seria o 13.º apóstolo. O apóstolo do novo mundo.

Na hierarquia das nações, um papa é só um sacerdote, o chefe dos católicos, religião praticada por 17% da população mundial. Manda de fato em apenas uns poucos quarteirões da cidade de Roma - o Vaticano - e em alguns milhares de sacerdotes. Contudo, talvez pelo que pregou ou por conduta pessoal, a verdade é que não houve na tumultuada transição do século 20 para o terceiro milênio nenhum outro líder político ou religioso de quem emanasse tanta autoridade moral. Ele foi, decerto, um dos gigantes do cenário político mundial, como Winston Churchill e Konrad Adenauer, talvez o último apóstolo com visões amplas e princípios universais a apontar para um novo mundo - daquela estirpe que gerou Gandhi e Martin Luther King.

Por onde passava, governantes paravam para recebê-lo e multidões corriam para aclamá-lo. Reunia legiões que ultrapassam, com frequência, 1 milhão de pessoas. Mais de 200 milhões foram às ruas aplaudi-lo. Antes dele, somente três homens haviam mobilizado multidões fora da terra natal: Alexandre da Macedônia, Júlio César e John Kennedy. Em seu pontificado, pronunciou 2.357 discursos no exterior, fez 102 viagens, levou sua pregação a 129 nações, visitou 620 cidades. O recordista anterior era o papa Paulo VI, com 12 viagens. Somente o apóstolo Paulo de Tarso, no início do cristianismo, havia ousado algo semelhante, ao peregrinar por todo o Império Romano levando a sua mensagem.

Apenas dois grandes países, China e Rússia, não foram visitados por ele. Ao não conseguir autorização para entrar na China, pregou para poucos nas Ilhas Fiji e Seychelles. Quando comprovou as injustiças sociais na América Latina, disse que "a dívida externa de um país não poderá nunca ser paga à custa da fome e da miséria de seu povo". E daí? Na prática, criou um impasse moral que acabou levando organismos como o FMI a rever seus conceitos.

Qualquer que seja o prisma pelo qual se olhe Karol Wojtyla, ainda que se discorde de suas ideias, há que admitir que ele foi um dos titãs da humanidade. Mas, afinal, o que ele dizia de marcante? Coisas simples, nada além da pregação normal do Evangelho. Geralmente falava de justiça social, com ênfase na ideia de solidariedade entre os povos e fraternidade entre os homens. As multidões costumavam ficar estupefatas quando esse homem vestido de branco acenava para um mundo melhor com a mais absoluta convicção.

André Frossard, ex-dirigente do Partido Comunista Francês, certa vez observou que esse papa vindo de Cracóvia passara diretamente para a Palestina, pois dizia palavras que escapavam ao abismo do tempo, como se fosse o 13.º apóstolo. "Ele não apenas soube falar aos católicos, mas também se dirigiu a todos os cristãos", explica Georges Suffert, autor de Tu És Pedro, livro sobre a história dos papas. "Ele inventou uma linguagem acessível à imensa maioria dos viventes. Foi como se a maioria tivesse aceitado, tacitamente, que esse papa exprimia as esperanças comuns dos homens do seu tempo".

"Num palco mundial dominado por profundas divisões econômicas, nacionais e religiosas, o papa destacou-se como o único porta-voz universal dos valores universais", escreve o vaticanista Marco Politi. "Ele ofereceu um evangelho de salvação e de esperança diante dos novos ídolos - egoísmo tribal, nacionalismo exacerbado, lucro sem preocupação com a vida humana".

João Paulo II assumiu o Vaticano numa das piores crises da História. Havia um cisma branco quase consolidado: à esquerda, a Teologia da Libertação, tentando enxertar no Evangelho a revolução socialista; à direita, o clero tradicionalista, que se recusava a acatar as reformas do Concílio Vaticano II. E um rebanho em fuga. Qual foi a estratégia de João Paulo II?

Primeiro, excomungou a direita. Depois, amordaçou a esquerda. Aposentou bispos e esquartejou prelazias progressistas, como a de São Paulo. Impôs rígida disciplina às hostes canônicas e ceifou a democracia interna. Por fim, reafirmou os valores mais conservadores, como o celibato sacerdotal e a família mononuclear. Condenou o aborto, a eutanásia, a união entre homossexuais e até os preservativos. Quanto às ovelhas, mandou deixar ir as desgarradas. Contudo, mandou que se abrigassem os divorciados e os filhos das relações pós-modernas. Deixou o cetro de uma Igreja ainda em crise moral profunda. Mas em todo o mundo os templos voltaram a ficar cheios.

Um de seus traços marcantes é que esse homem jamais foi um eremita encastelado, frágil e ascético, mas forjou sua personalidade e posições políticas nas mais duras experiências da vida. Foi soldado da resistência ao nazismo e ator na clandestinidade. Operário, quebrava pedras para comer. Seus biógrafos o poupam da divulgação de duas informações: se ceifou vidas e se provou da carne. Tudo indica, porém, que, até os 24 anos, tenha sido um soldado, um ator e um operário como qualquer outro de seu tempo. Depois virou sacerdote. Agora caminha para ser um santo popular, o papa santo!

O que diria João sobre essa beatificação? "Domine, non sum dignus" (Senhor, eu não sou digno), costumava repetir.

Fonte: Estadão

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Católicos Perseguidos no Iraque

BAGDÁ, 26 Abr. 11 / 03:01 pm (ACI/EWTN Noticias)

A comunidade católica de Bagdá sofreu um novo ataque terrorista no último Domingo de Páscoa quando um carro bomba explodiu em frente à igreja do Sagrado Coração pouco depois do final da Missa dominical.

O atentado deixou quatro feridos e destruiu as janelas do templo localizado no distrito de Karrada. Também causou severos danos em uma caminhonete da polícia estacionada na porta da igreja.

Os feridos são dois policiais e dois civis. Não se reportaram ameaças prévias ao ataque, mas a segurança foi incrementada pela Páscoa nas igrejas de Bagdá e nas províncias do norte, onde residem muitos cristãos.

"Nossa vida no Iraque está cheia de medo", afirmou o sacerdote Hanna Saad Sirop aos fiéis reunidos na igreja caldéia de São José em Bagdá. "Mas temos que viver na fé e na confiança. Temos que confiar em Deus Todo-poderoso", acrescentou.

As autoridades iraquianas proporcionaram maior segurança às igrejas cristãs a partir do 31 de outubro do ano passado quando um ataque terrorista na Catedral siro-católica de Bagdá deixou 50 mortos e dezenas de feridos.

Estima-se que a população cristã do Iraque – que chegava a mais de 1,5 milhões de pessoas - foi reduzida pela metade desde a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003 e a perseguição religiosa.

Fonte: Acidigital

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Santo Agostinho: Um Modelo, por Gabriel Viviani

Peter Brown escreveu a melhor biografia sobre Santo Agostinho.  A obra se chama Santo Agostinho: Uma Biografia[1]. São mais de 600 páginas onde acompanhamos o relato apaixonante a respeito da existência do autor de Confissões e A Cidade de Deus. Sabe-se que, costumeiramente, os santos são idealizados por narrativas que escondem obscuridades humanas existentes no caráter do protagonista. Tem-se até a impressão de que o sujeito já nasceu canonizado… Claro que biografias assim acabaram inspirando a falsa ideia da santidade como privilégio para escolhidos. Os santos já nascem como predestinados! Mesmo que Peter Brown tivesse o objetivo de escrever sua narrativa guiado por tal conceito, a personalidade do santo sempre se lhe esquivaria. O teólogo das Confissões, o cristão, fruto das lágrimas doridas de Mônica, jamais pretendeu escamotear os caminhos tortuosos daquela sua conversão.  
              No trabalho de Peter Brown, descobrimos que a sinceridade daquele africano nem sempre foi compreendida por seus contemporâneos. Aquelas Confissões surpreenderam os que não conseguiam admitir a humanidade do cristianismo. Como alguém com tamanhos pecados atrevia-se a falar tão abertamente de suas fraquezas? No clima daquela época, grassavam muitas heresias que concebiam o cristão como um ser puramente espiritual. Pois Agostinho provava o contrário! O cristão visa santificar-se, estar em plena comunhão com Cristo, mas nem por isso deixa de ser humano, de ter suas imperfeições. Santo Agostinho foi visionário neste aspecto, pois entendeu rapidamente que o conceito de Igreja como uma comunidade composta de criaturas indefectíveis não corresponde à realidade.
              Fato curioso é que Santo Agostinho, antes de ter-se transformado em sacerdote, e sob a influência do neoplatonismo, sonhava dedicar-se à vida teorética, à contemplação da Verdade.  Os planos de Deus o conduziram a outra existência… Peter Brown nos informa que, quando Agostinho foi ordenado presbítero, chorou. Contudo, seu pranto não sugeria a emoção do homem finalmente atingindo seu objetivo, mas sim a do homem que se via obrigado à ordenação. Santo Agostinho não desejava o sacerdócio e, naquela época, presbíteros eram convocados à força. Daí por diante, Agostinho de Hipona compreendeu que abandonava definitivamente o ideal de vida platônico em detrimento da pregação e do combate às heresias.
              Outro aspecto interessante: Santo Agostinho dificialmente seria considerado hoje um tipo politicamente correto. Sua crítica aos hereges e até mesmo às autoridades da Igreja quase sempre eram ácidas. Agostinho não contemporizava: entre defender a verdade e conservar a simpatia alheia, ele sempre escolhia a verdade. Nem que isso lhe custasse muitos desafetos e perseguições. E é evidente que acabava custando. Segundo Peter Brown, a personalidade daquele santo chegava a ser tão combativa que, nas correspondências com o então famoso São Jerônimo[2], o estilo das discussões beirava a aspereza e a petulância. É que os dois santos buscavam a verdade ardorosamente.
              O fato recordou-me a polêmica atual a respeito da Campanha da Fraternidade e os comentários que o Pe. Paulo Ricardo teceu sobre o tema proposto (veja os vídeos no tópico abaixo). Sabemos bem que a ecologia, o pensamento revolucionário e o neopaganismo costumam confundir-se, e com isso acontece de o discurso ecológico ser, com frequência, usado como um instrumento de doutrinação política. O tema da Campanha de 2011 é Fraternidade e a Vida no Planeta, e analisando o desenvolvimento desse tema, o Pe. Paulo Ricardo encontra claramente os sinais de neopaganismo. Se você é, além de católico, também ingênuo, fica rapidamente surpreso. Neopaganismo na CNBB?! Pois não se surpreenda. Por mais que muitos se esforcem por negar, a CNBB continua influenciada pela Teologia da Libertação. Um exemplo: na Campanha da Fraternidade de 2008, Escolhe Pois a Vida, o vídeo de divugação dos bispos brasileiros teve, durante cinco minutos, a defesa do aborto. Numa campanha direcionada contra a morte de crianças inocentes, uma representante do movimento abortista defendia o assassinato de fetos! Surpreso? Em 2007, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apoiou o movimento pela reestatização da empresa Vale. Com ela caminharam ong’s que defendiam o casamento gay e, novamente, o aborto.
             O Pe. Alexsander Lopes que não é da Teologia da Libertação, nem progressista, nem tradicionalista, nem de esquerda, nem de direita, e nem de centro[3], incomodou-se com a crítica do Pe. Paulo Ricardo à Campanha da Fraternidade. O texto publicado em sua página pessoal (e retirado logo em seguida) insinua que Pe. Paulo Ricardo está-se voltando contra o Magistério da Igreja. Ora, verdade que a CNBB é composta por bispos que são escolhidos diretamente pelo Sumo Pontífice, mas como se trata de entidade constituída civilmente, não tem qualquer autoridade sobre os católicos. Portanto, as meditações críticas do Pe. Paulo Ricardo, ainda que estejam voltadas contra a Campanhas da Fraternidade, não consistem em ataques à hierarquia do catolicismo.
              No seu texto, o Pe. Alexsander Lopes também afirma que o Pe. Paulo Ricardo divide a Igreja no Brasil. Toma o exemplo da campanha presidencial brasileira, quando Pe. Paulo Ricardo atuou fortemente defendendo o voto contrário ao PT (Partido dos Trabalhadores). Por que o Pe. Paulo Ricardo se manifestou naquela ocasião? O PT e sua candidata, Dilma Rousseff, têm conhecidamente o histórico de defender causas como o aborto e a união homossexual. Se bem lembramos, o debate acabou incendiando a internet, e naquele final de campanha, em Roma, o Papa Bento XVI corroborou o posicionamento do Pe. Paulo Ricardo: os bispos e sacerdotes devem orientar católicos a não votar em candidatos e partidos que defendam o aborto e o casamento gay. Como o Pe. Paulo Ricardo estava dividindo a Igreja se suas manifestações baseavam-se fielmente na doutrina da Igreja? Pe. Paulo Ricardo caracteriza-se por ser ortodoxo, e sua argumentação a respeito da recente Campanha da CNBB é igualmente ortodoxa. Pois bem, se você é um católico ortodoxo, você é um católico da unidade.
              Que relação tem Santo Agostinho com tais polêmicas? O Pe. Alexsander Lopes e outros sacerdotes e, por que não dizer, oras, até mesmo os bispos brasileiros tirariam grande proveito da leitura de Peter Brown. O teólogo Agostinho, o bispo Agostinho, o sacerdote ressabiado Agostinho mostra claramente ali que ser católico é desejar a verdade com ardor, e defendê-la corajosamente, ainda que isso desagrade os companheiros de fé. Se Santo Agostinho tornou-se Doutor da Igreja, se suas obras de pensamento são consideradas pilares essenciais da fé católica, isso se deve à fidelidade de sua ortodoxia. O bispo de Hipona não buscou alimentar qualquer ambiente conciliatório entre o dogma e sua deturpação. Ao contrário, trabalhou com dificuldade a fim de purificar os conceitos da fé que, naquela época, eram ameaçadas pela confusão das heresias.
              Os bispos da CNBB, bem como muitos sacerdotes e leigos fingem não reconhecer a influência da Teologia da Libertação no interior do catolicismo brasileiro. Sabem que a doutrina continua ali, sabem que ela foi atacada vigorosamente por João Paulo II e Bento XVI[4], mas levantar a voz e defender o cristianismo verdadeiro significaria desagradar os colegas.
              Não digo que o Pe. Paulo Ricardo seja o novo Santo Agostinho, nem tampouco sei se a Igreja terá outro Santo Agostinho. Sei apenas que, se esse sacerdote leu o livro de Peter Brown, aprendeu direitinho.


[1] Record, 2006, Rio de Janeiro.
[2] O tradutor da Vulgata.
[3] É assim que ele mesmo se define ou não se define, sei lá.
[4] Bento XVI chamou-a de heterodoxa, ou seja, herética.

Site do autor: http://www.gabrielviviani.com/